Opinião: O Jardim das Torres Invisíveis


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Quando Qais Akbar Omar tinha sete anos, Cabul era uma cidade repleta de jardins onde ele e os primos lançavam papagaios de papel e todas as noites a família se reunia ao jantar em volta de uma toalha estendida sobre o relvado da casa do seu avô. 

Mas um dia a guerra civil eclodiu. A família de Qais deixou para trás tudo o que tinha e iniciou uma perigosa fuga na tentativa de abandonar o Afeganistão. Para Qais, aquilo que parecia impensável tornou-se a realidade do quotidiano: fome, frio, sofrimento, medo, prisão, tortura... 

O Jardim das Torres Invisíveis é um testemunho impressionante da capacidade que o ser humano tem para resistir às maiores adversidades e uma obra que não deixará ninguém indiferente.







Adorei este livro, no seguimento dos livros que tinha lido recentemente: "E as Montanhas Ecoaram" e "Mil Sóis Resplandecentes" de Khaled Hosseini, que seguem a mesma temática e são escritos com a mesma paixão palpável

É um livro profundo, tocante e muito bem escrito. Uma fotografia com bastante cor providenciada por uma narrativa com corpo e alma.

A realidade que nos distancia em termos culturais distorce muitas vezes a pretensa "imagem real" que vamos criando do Afeganistão. É um pais com profundas cicatrizes, mas ainda assim, forte e resistente. Um povo de contrastes.

A história que não deixa indiferente o leitor, e que apesar das dificuldades, e atrocidades com que uma criança se vê confrontada, sobressai a atitude positiva, resistente e a necessidade de sobreviver com parcos recursos. Com um sentido de "família" bem enraizado, vemos Quais Akbar Omar com uma preocupação genuína no bem estar da família. O leitor deixa-se desarmar com a perspectiva inocente de uma criança do seu próprio mundo, com uma forte ligação ao pai e ao avô. A sua postura, as suas pequenas conquistas tal como as suas prioridades são bem exploradas e verosímeis, e são pontos altos ao longo do livro.

A ironia inteligente contida no diálogo, suaviza o enredo. Uma história viva, e oferecida na primeira pessoa, do Afeganistão. 

A inocência e o sentido de responsabilidade do pequeno Quais Akbar Omar são o fio condutor, desta maravilhosa narrativa. Para mim este livro foi mágico, este é o verdadeiro poder da escrita, poder-nos tocar tão profundamente que "arrepia".

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