Opinião: A Espia do Oriente de Nuno Nepomuceno



 

Dubai, Emirados Árabes Unidos.

De férias na região, um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projecto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.
 

Contudo, de regresso à Europa, uma das suas operacionais resolve trair o sindicato do crime e oferece-se para trabalhar como agente dupla ao serviço da inteligência britânica. O mistério adensa-se quando esta mulher, de nome de código China Girl, impõe como única condição colaborar com André Marques-Smith, o director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e espião ocasional.
 

Obrigados a trabalhar juntos para evitarem um atentado a uma importante líder europeia, uma atmosfera tensa, de suspeição e desconfiança, instala-se de imediato entre os dois. Mas que segredos esconderá esta mulher, cujo próprio nome é uma incógnita? Serão as suas intenções autênticas? Será o espião português capaz de resistir à sua invulgar e exótica beleza?
 

Vencedor do Prémio Literário Note! 2012, Nuno Nepomuceno regressa com A Espia do Oriente, o segundo livro da série Freelancer. Por entre os cenários reais de Budapeste, Berlim, Londres, Courchevel, Dubai e Lisboa, o autor transporta-nos para um mundo de mentiras, complexas relações interpessoais, e reviravoltas imprevisíveis. Uma reflexão profunda sobre os valores tradicionais portugueses, contraposta com a sua já habitual narrativa intimista e sofisticada, e que vai muito além do tradicional romance de espionagem.





A história continua ..., André encontra-se revoltado, com dificuldades em conseguir voltar a confiar em alguém. A vida prossegue e agora as missões são mais perigosas. Os segredos proliferam no ambiente.
 
Depois do "Espião Português" mergulhei na "Espia do Oriente", confesso que com grandes expectativas que não saíram goradas. 

É clara a evolução do autor, na forma, na escrita e no detalhe.

O que trás um problema para resolver ao autor... a expectativa para o terceiro livro trás uma grande responsabilidade para com os fãs, como eu, desta trilogia. :)

Um dos elementos que, quanto a mim, sobressai são as descrições dos cenários que ganham cor e vida nas palavras do autor. Muito bem contextualizados sem chegar a aborrecer o leitor. Facto muito positivo neste livro.

Outra nota positiva recai sobre a diversidade de cenários oferecidos, distribuídos por vários países.

Quanto ás personagens. O autor teve a preocupação de oferecer uma maior profundidade das personagens secundárias, revelando um pouco mais do passado ("backstory") de cada uma delas levando a aumentar a percepção do leitor no que à história diz respeito.

É evidente o uso inteligente de elementos de descrição física para identificar as personagens.
Este mecanismo da "escrita criativa" cria laços e desenvolve empatia e envolvimento com o leitor.

O romance ganha um pouco mais de destaque neste segundo livro, mas confesso que pessoalmente gostaria de ver mais intensidade e intimidade entre as personagens principais, momentos que reunissem mais tensão, desejo e intimidade. Esta é obviamente uma pretensão pessoal que nada afecta a qualidade da obra.

Gostei do detalhe de o autor procurar colocar um pouco de humor no livro utilizando os pais de André para esse fim, o que ajuda o leitor a recuperar o folgo da adrenalina imposta pela acção intensa do livro.

O momento tenso e arrepiante que envolve André e uma ponte (e mais não digo...), demonstra as qualidades de escrita do autor, oportuno, revelador e contudo um facto que contribui muito para a construção consistente da personalidade da personagem.

O desfecho é provocador e audaz. Apesar de arriscada, na minha perspectiva, a escolha resultou muito bem.

Após a surpresa muito positiva do primeiro livro, a responsabilidade cresceu no livro seguinte, e dou-me por satisfeito para um segundo livro da trilogia. Quanto a mim, "A espia do Oriente" supera a obra anterior.

Tal como no livro anterior, fiquei agarrado desde a primeira página. Sobressaíram as descrições dos cenários e a acção sempre ao rubro. Mais um livro para a minha "prestigiada" estante de policiais.


A Espia do Oriente junta descrições cheias de cor, acção electrizante e muitas, muitas surpresas.  Os dois livros, este e o anterior, marcam positivamente a ficção nacional pelas mãos de Nuno Nepomuceno. Um autor português a não perder de vista, que evidência dotes literários de grande qualidade.

Opinião do livro anterior aqui:

http://livrosemarcadoressafe.blogspot.pt/2015/05/opiniao-o-espiao-portugues-de-nuno.html
 

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