Opinião A Hora Solene (Freelancer - Livro III) de Nuno Nepomuceno




 

Numa fria noite de tempestade, um homem é esfaqueado e deixado abandonado no meio de uma rua de Londres. A poucos quilómetros de distância, um procurado terrorista de nome O Gótico entrega-se voluntariamente aos serviços de inteligência britânicos. Ao mesmo tempo, um avião sofre um violento atentado sobre os céus da Irlanda, enquanto um surpreendente vídeo é entregue na redação de uma famosa cadeia de televisão.

Bem no centro destes acontecimentos que aparentemente nada têm em comum, está André Marques-Smith. Importante funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o espião português lança-se numa demanda impossível pela verdade. Mas não está sozinho. Foragidos, dois antigos colegas regressam e revelam ao mundo tudo o que está por detrás do Projeto Lebodin. E há ainda uma mulher. Em parte incerta, esta misteriosa espia de feições orientais poderá ser a chave de todo o mistério. Mas que explicação haverá para o seu desaparecimento?

Conseguirão os dois agentes alguma vez ficar juntos?

Através de uma viagem frenética por entre os deslumbrantes cenários reais de Londres, Hong Kong, Macau, Praga, Belize, Moscovo e Lisboa, as missões multiplicam-se, os disfarces sucedem-se. Questões sobre ética, moral, família e o valor da vida humana são levantadas. E uma teia de meias-verdades, ilusões, e complexas relações interpessoais é finalmente desvendada no capítulo final de uma série que já estabeleceu novos patamares para a ficção nacional.

Inspirado num discurso de guerra de Winston Churchill, depois de atingir a consagração com A Espia do Oriente, o vencedor do Prémio Literário Book.it 2012 com O Espião Português, Nuno Nepomuceno regressa para a terceira e última parte da trilogia Freelancer. Um romance de espionagem imprevisível, no já característico estilo sofisticado e intimista do autor, onde os valores tradicionais da cultura portuguesa se fundem com uma abordagem inovadora e única que o irá surpreender.




“A Hora Solene”, após “O Espião Português” e “A Espia do Oriente”, marca o final da trilogia Freelancer de Nuno Nepomuceno. O desfecho há muito esperado (parece sempre muito tempo) que teve um sabor especial pelo facto de termos podido acompanhar a sua evolução de uma forma mais próxima do que o habitual com outros autores.


Esta foi para mim uma leitura prazenteira, a qual fiz questão de ler pausadamente para poder discernir detalhes e opções assumidas ao longo do enredo.


Tinha muita curiosidade no que o autor ia fazer neste livro, até porque o desfecho do anterior deixava mais perguntas que respostas. Sem querer divulgar muito, uma das personagens principais ficou ás portas da morte e o leitor fica em suspenso com vontade de pegar de imediato no terceiro livro (ou, na sua ausência, ligar ao Nuno e perguntar “Porque??? E agora?” :)  ).


Este livro, na minha perspectiva, representa uma alteração na linha seguida até aqui, houve intenção de quebrar (e inovar) a linha narrativa seguida, sem contudo perder a identidade.


Será que foi positiva esta mudança? Sim, parece-me que nesta mudança o autor demonstra, uma vez mais, os seus dotes de escrita e capacidade para surpreender o leitor, iludindo-o e surpreendendo-o. Todos gostamos de ser surpreendidos, de uma forma ou de outra.
 

A história segue-se com muitos revés, muitos obstáculos e muitas revelações. Foi um prato cheio de intensidade, intencionalidade, descoberta e tensão.


Tal como nos livros anteriores, e já se tornou mais uma característica da suas histórias, o autor volta a oferecer-nos multiplicidade de cenários. Imagens cheias, de contornos cuidados e repletas de cor.

Gostei do desfecho, da sua construção e do ímpeto que transportou para a história.


Recomendo o mergulho na trilogia, recomendo a leitura respeitando a ordem de publicação, como não poderia deixar de ser. Recomendo o conjunto das obras de inegável qualidade literária e que prima por ser nacional.


O que gostei na trilogia:


Cada livro tem uma personalidade própria, ainda que concorram para um objectivo comum, notam-se diferenças que importa explorar, quer na forma, quer na abordagem feita à história. E por esta razão cada um dos três livros permite percepcionar um sabor diferente que é realçado quando analisado no conjunto. 


Parece-me que esta é uma mais-valia do autor, a possibilidade de uma forma dinâmica conduzir os eventos e as personagens retirando, dentro do possível, a previsibilidade da história. Há autores que se confinam a uma fórmula que deu resultados, e como se de uma produção em série se tratasse utilizam incessantemente esse molde sem inovar ou arriscar testar novos caminhos e novas perspectivas. 


Gostei do trabalho feito com André, o cuidado de aproximação entre a ficção e o quotidiano no qual o leitor facilmente se consegue identificar.
 

Gostei muito do cuidado que o autor teve com as estratégias e campanhas de divulgação dos seus livros, tarefa que não deixou em mãos alheias e tornou o livro muito mais apelativo e valorizado.

Gostaria de deixar uma nota pessoal ao autor, Nuno Nepomuceno, pelo cuidado que teve nos agradecimentos em deixar uma palavra aos bloggers, e por ter tido a atenção de me incluir. Parece-me, como já tive oportunidade de dizer várias vezes em vários espaços e ocasiões diferentes, que falta este tipo de atitude, mais pró-activa e de maior proximidade com leitores/bloggers revelada por Nuno, a muitos autores. 
 

Devo acrescentar que a referência simpática no livro não condicionou em nada, quer de uma forma negativa quer positiva, a opinião do blog. É de facto uma boa trilogia.


Opinião do livros anteriores aqui e aqui:






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